Mensagem baseada em minha pregação em Puerto Maldonado - Peru, 2011.
Quando Nicodemos, um mestre rabino judeu foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Este diálogo está registrado no evangelho de João 3.2,3. A partir daí desenrola-se um dos maiores ensinamentos do mestre Yeshua (Jesus). Ele então explica sobre o nascer de novo. Para ilustrar em analogia o que ele estava ensinando, no versículo oito usou o elemento vento para clarear o sentido.
O vento. O vento faz parte da natureza, representa o sopro divino, a vida que anima o ser. O vento é símbolo do Espírito de Deus. Espírito-vento, hálito de Deus, sussurrando as palavras divinas da criação. Em gênesis capítulo um, versículo dois diz que o vento se movia sobre as águas. Ele estava lá, Deus soprando seu fôlego que dava movimento e vida a toda criação. O vento enche e preenche o vazio, levantando o homem do estado caído, do estado de morte.
O vento sopra. O vento está em constante movimento. Na criação, ele se movia sobre a face das águas. Deus soprou no homem a nefesh, a alma vivente, dando vida natural ao ser. No entanto, também sopra o Ruach, o Espírito vivificante que nos leva a conhecer e reconhecer a Deus de fato, quem e como Ele é, sua natureza, seus atributos, sua identidade, mas principalmente sua essência. Nos leva a conhecê-lo sem as arestas e falseações filosóficas ou religiosas, mas o Deus vivo que dá vida. O vento sopra porque ele tem vida e nos dá vida, cria e recria algo novo dentro e fora do homem. Seu movimento muda o curso circunstancial da existência e transforma a realidade, trazendo uma nova criação, fruto do poder e vontade de Deus.
Sopra onde quer. O objetivo do Espirito-vento não é realizar nossa vontade, encher e satisfazer nosso ego. Ele expressa a perfeita e sublime vontade de Deus, dentro dos propósitos criativos dele. Ele tem vontade própria, não está sujeito às manipulações e técnicas utilizadas pelo homem. Não se pode conter o vento. Ele age na direção certa, na pessoa que ele quer agir e decide por si o que fazer. Onde há o Espírito de Deus aí há liberdade, diz em segunda aos Coríntios 3.17. O Espírito é livre e traz liberdade. Por isso ele age como Deus determina, tirando toda espécie de escravidão, nos levando a entrar e nos alinhar com sua vontade.
Ouves a sua voz. Difícil é ouvir a voz do vento. Vivemos muito ocupados para isso. É preciso aquietar-se da agitação do dia-a-dia e parar para ouvir a voz do Espírito. Disse Jesus: “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. A grande diferença entre ouvir e escutar é que ouvimos muitos sons, mas não damos atenção a eles. No entanto, ouvir é prestar atenção, assimilar, absorver e compreender com o coração o que se ouviu. Muitas vezes ouvimos somente a voz do nosso coração clamando por vingança, por paixões vis e desejos negativos. Precisamos aprender a silenciar nosso coração para ouvir a voz que vem de Deus, a voz do céu.
Não sabes de onde vem, nem pra onde vai. A pessoa que recebe o sopro divino e tem Deus como guia de sua vida é submisso e obedece a sua vontade. Deve estar disposto a seguir não seu próprio caminho, mas o caminho de Deus. Não misturar nossos caminhos com a vereda da justiça é tarefa complexa. O ser humano gosta mesmo é de liberdade, a liberdade sem a direção divina. Por isso muitos caem e erram o alvo constantemente. A direção é Deus quem dá, o que precisamos é obedecer para ter êxito.
Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Nessa analogia, Jesus conclui essa parte com muita sabedoria. Ele fala de uma nova criatura, de uma nova pessoa. Revela atributos de alguém que não se apega a suas filosofias e teologias fabricadas artificialmente pela retórica, mas que tem vida de Deus dentro de si. O que pulsa é o desejo de conhecer Deus a fundo. Revela uma pessoa disposta a se despir de sua roupagem suja, antiga e remendada, e vestir uma nova roupagem, segundo os padrões celestiais. Requer renúncia, rompimento com padrões mentais, disposição para servir e ser guiado. Requer contato de comunhão diária, ouvido apurado capaz de discernir as multidões de vozes e identificar a voz do sopro divino, mesmo que sussurrado. É sair dos ventos de tempestade da ganância materialista e consumista, para poder experimentar sentir a brisa suave de Deus em nós. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
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