Partindo
de Arequipa, importante cidade do Sul do Peru em direção a Juliaca, cidade da
região de Puno. Estivemos eu, a Regi, pastora Nilzete e a Marisol. São 240
km de Arequipa para Juliaca por via terrestre em ônibus de linha,
aproximadamente quatro horas de viagem. O silêncio quase contemplativo permitiu
a observação do trajeto, das estradas empoeiradas típicas da região montanhosa,
as casas rústicas e a região desértica, cercada de montes e alguns lagos
naturais exóticos e rios, que impressionam por sua beleza e distinção. No
interior do altobus geralmente entram os ambulantes. O toque
de um instrumento de corda típico da região, acompanhado do som de uma sampoña,
instrumento de sopro feito de pequenas toras de bambu unidos, davam o som da
música andina, originaria dos antigos povos incas do altiplano.
A
habilidade em tocar ao mesmo tempo os dois instrumentos, e depois iniciado com
canto em língua Quéchua, idioma ainda bastante falado pelos peruanos,
proporcionou um ambiente de penetração na cultura desse povo, e dando a noção
de inteligência e destreza no que sabem fazer. Em momentos seguintes o moço
distribuiu algumas balas aos viajantes, o que depois passaria a recolher as
balas ou as moedas. Deus me disse que permanecesse calado a viagem toda.
Pareceu estranho para os demais, no entanto obedeci a Deus, pois Ele queria me
falar algo. Quando o moço entrou tocando no ônibus, olhei para trás e tirei uma
foto. Quando me virei, tive uma visão: um homem de vestes compridas marrom
estava no ônibus próximo ao músico. Percebi que era Jesus, no entanto, não me
virei para trás novamente para vê-lo, não consegui, apenas
chorava. Repentemente ouvi sua voz falando comigo: "Não temas, pois
eu te trouxe aqui neste lugar, pois também já andei por muitos lugares como
este". Nessa hora não consegui conter minhas lágrimas, mas olhei para fora
e contemplei o ambiente desértico, casas simples, de barro, típicas
de vilarejos. Me reportei imaginando as vilas e os desertos de Israel, onde
Jesus passara. Em seguida o moço cantou em espanhol, onde se pode perceber
que o músico-ambulante era cristão, pela letra da música e o “aleluia” do
refrão, que ele cantou no mesmo instante que eu falei Aleluia!. ele cantou
parado em minha frente. Aquilo foi uma sinal pra mim.
Chegados
a Juliaca, e equipe foi logo conduzida ao lugar de hospedagem. Ao sentir o
intenso frio do clima local, três graus acima de zero, mas na madrugada
geralmente fica a zero grau”, a média no período de verão. Ao chegar à
comunidade Unocolla, a equipe se acomodou na casa de uma família do pastor
Lenin, sua família é de quatro pessoas, o casal e dois filhos. Suas casas são
feitas de adobe, material feito de barro pisado, misturado com
palha, que eles mesmos produzem em forma de tijolos e cobertura de palha. O
chão é de barro batido. Seus banheiros são como as chamadas privadas, feitas de
madeira, zinco e um buraco profundo feito no solo para receber os
dejetos.
O
ambiente é desértico, solo arenoso com suas casas e cozinhas externas, passando
um leito do rio no lado direito da comunidade e cercado de montes, que também
escondem outras famílias da mesma etnia Unocolla. Ali vivem aproximadamente 300
familias com geralmente quatro a cinco membros. Não contam com energia
elétrica, rede de esgoto, nem caixas d’água. Utilizam para tomar banho e
afazeres domésticos, água de poços movidos manualmente a manivela, isso aqueles
que têm recursos para construir, os demais se servem da cooperação vizinha.
Reúnem-se em casa no período da noite a base de luz de vela ou
lamparinas.Alguns vivem de plantação de pequenas hortas em seus terrenos, que
eles chamam de chácaras, que são na realidade lotes de terra
vendidos pela prefeitura local, mas que podem ser comprados por qualquer
interessado, não somente aos da etnia Unocolla. Outros criam pequenos animais
em pequena quantidade, ovelhas ou bois, na maioria para a comercialização
esporádica.
Passamos
alguns dias ali convivendo com essa comunidade, conversando com eles, falando
de Deus, orando, fazendo entrevistas, etc. Os cultos geralmente são as quatro
horas da tarde, pois a noite não é possível se reunir por causa do
frio e por não possuírem energia. Eles celebram e cantam com alegria
e uma intensidade jamais vista. Creem de verdade e cultuam a Deus de
todo coração. Isso me deixou muito impactado, é realmente comovente. Preguei a
palavra de Deus em Mateus 6.33, "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua
justiça e as demais coisas serão acrescentadas". Usei ilustrações de
elementos da terra, da natureza, como Jesus fazia. Ali todos aceitaram a
palavra de Deus. Muitos vivem no alcoolismo e prostituição. A violência
doméstica é um fator social comum. Desemprego, falta de perspectiva, problemas
com álcool, marcam a realidade de muitos naquela comunidade.
Para
mim e minha esposa Regiane foi uma experiência singular realizar a obra de Deus
naquele lugar, conhecer de perto aquele grupo étnico nos trouxe uma riqueza e
mais amor pelas vidas que vivem em lugares distantes. E a presença de Jesus nos
conduzindo me senti vivendo na época do mestre, visitando os necessitados da
terra, onde muitos não querem ir. "Ide por todo o mundo", disse
Jesus, "pregai o evangelho a toda a criatura" Marcos 16.15.
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