AS RAÍZES
Certa vez
quando estava em uma área verde fui levado para olhar para as raízes de uma
árvore. Comecei a meditar sobre as raízes de nossa fé. Interessante saber que o
que sustenta a árvore em pé é a raiz. Em árvores grandes, às vezes a raiz tem o
tamanho de seu tronco, para poder sustenta-la. É o primeiro elemento a nascer
em uma semente. A raiz brota diretamente do embrião de uma semente. É o
princípio, a ideia primordial da reprodução. As raízes vão se aprofundando no
solo e, na profundidade, encontram os alimentos e água necessários para
alimentar a árvore. É sobre esse princípio primordial que abordaremos a
importância de voltarmos a nossas origens da igreja do primeiro século, aos
princípios de Deus e sua palavra.
NO PRINCÍPIO
A igreja do
primeiro século fundamentava-se na comunhão, todos tinham os mesmos objetivos.
Eles alegravam-se com a expansão do Reino de Deus, em ver vidas sendo salvas e
recebendo a salvação integral operada pelo Messias Yeshua. Não havia reinos
particulares, divididos. Não havia o evangelho da prosperidade e da confissão
positiva, mas sim o suprimento das necessidades de todos, pois era uma
comunidade aberta, que compartilhavam seus bens materiais. Além disso, o poder
de Deus operava de forma impactante, pois era alicerçado no princípio do Salmos
33, em que a comunhão atrai a unção. Perseveravam nos estudos das escrituras
transmitidos pelos apóstolos (ver Atos 2).
As
escrituras que eles dispunham eram a Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Escritos
(Salmos e os outros livros históricos), tudo aplicado à mensagem do B’rit
Hadashah (Novo Testamento). Eles não possuíam ainda o Novo Testamento que nós
hoje temos em mãos, porém, contavam com os testemunhos dos profetas nas
Escrituras Sagradas e dos apóstolos, testemunhas vivas do cumprimento das
profecias. O próprio mestre Yeshua se referiu as escrituras como sendo Lei,
Profetas e Salmos: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos
disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim
estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos (Lucas 27.44). Eles partiam o pão em casa em casa,
no entanto, não era um minúsculo pedacinho de pão cortado e um minimizado
copinho de vinho, mas era a refeição do Seder
, um jantar da comunhão, da amizade, da solidariedade. Faziam o Seder de
Pessach (refeição da páscoa) como uma obediência a palavra do Eterno e como ato
profético sobre a morte, ressureição e vinda do Messias Yeshua. Eles oravam, de
verdade, três vezes ao dia no templo. Tinham sede e fome de Deus, de ver Deus
se manifestando trazendo graça, virtude, salvação e cura para o ser de forma integral.
RAÍZES QUEBRADAS
Até o
primeiro século da era comum (D.C.) a igreja se reunia nas casas de forma
sigilosa, pois não havia liberdade de expressão de sua fé. No entanto, frequentavam
o templo, participavam dos estudos e ensinamentos da torá e dos profetas aos sábados
como e com os demais judeus, além dos gentios crentes. Também, celebravam as
festas bíblicas com alegria, pois, as festas, como a Pessach (páscoa) 1 Corintios 5.7 /Lucas 22.7,8; Sukot (tabernáculos) João 7.2,10; Shavuot (pentencostes)
eram as principais celebradas por Yeshua e pelos apóstolos, 1 Corintios 16.8 /
Atos 2.1-4. Após o primeiro século, com o crescimento dos gentios se
convertendo ao Caminho, começou-se a se organizar os concílio para tratar dos
assuntos da Igreja. No entanto, bispos de Roma e de Antioquia tomaram a
primazia, repudiando os judeus e a igreja de Jerusalém. Transferiram a capital
da fé, Jerusalém, e a liderança, que passou a ter Roma como sede. Cortaram as
festas bíblicas, a leitura da Toráh em Hebraico e ate os cânticos de Salmos foram
ligeiramente diminuídos. Ainda no século II, Constantino adotou a igreja cristã
como religião oficial do Império Romano. Houve adesão em massa, no entanto,
costumes pagãos foram introduzidos na prática da Igreja. A Igreja a partir daí
tornou-se instituição do Estado e não mais corpo vivo do Messias. Por séculos a
igreja tem seguido sua influência e ainda hoje possui semelhanças, resquícios
de sua deturpação e apostasia. A reforma não foi suficiente, pois trata as
coisas com superficialidade. É necessária haver uma radical uma restauração. Uma
restauração bíblica e espiritual da fé, como a igreja do primeiro século.
A RESTAURAÇÃO
Nossos
valores precisam ser revistos, nossa teologia com base na filosofia grega
precisa dar lugar à palavra genuína do evangelho pleno. Precisamos abandonar as
falsas doutrinas romanas, a teologia da riqueza, as hierarquias dominadoras e os
holofotes ministeriais dos egos infláveis. Devemos renunciar a visão imperial
romana, dominadora e opressora das mentes subjugadas. Há uma urgência em
voltarmos às raízes, para não correr o risco de apostasia, o que já é realidade.
A igreja pouco a pouco está abandonando sua fé nos tratados dogmáticos dos
concílios romanos, como também na reforma protestante como conquista absoluta.
O evangelho aristotélico de Tomás de Aquino e a visão platônica de Agostinho
estão sendo bombardeados e enfraquecidos. O sistema babilônico, assírio, medo-persa,
grego e o romano já ruíram fisicamente. Porém, é necessário um golpe mortal
para que venha a ruir espiritualmente. Isso sucederá na restauração final de
todas as coisas, com a segunda vinda do Messias Yeshua ao toque do shofar
(trombeta) de Deus.
A semente
genuína do evangelho puro está brotando e nos trazendo de volta ao útero, à
fonte inesgotável que é Deus e sua palavra viva. O embrião da fé baseada no
evangelho todo para todos, está firmando suas raízes em solo fértil do rio do
Espírito. As raízes estão sendo restauradas, para que ela penetre em solo
profundo e absorva o verdadeiro alimento que dá vida. Nos salmos primeiro nos
diz que aquele que tem prazer na palavra de Deus, será como árvore
plantada junto aos ribeiros de águas (Salmos 1.2). Isso confirma a palavra
profética de Jeremias 17. 7,8, que reafirma a confiança em Deus e assim nos
compara com uma árvore que recebe vida do rio de Deus.