sábado, 28 de junho de 2014

OS FUNDAMENTOS DAS ÁGUAS

Reflexão baseada em Salmos 24.2.
 (Ministrada em junho na IMW RBO-Sul)

 É muito interessante meditar sobre fundamentos, sobre princípios. É na verdade empolgante! Mais ainda motivador é você ler um texto das Escrituras sagradas e de repente saltar entre seus olhos algo profundo e revelador. Deus tem seus mistérios e segredos e tem revelado em vários lugares verdades profundas em sua palavra.
 Davi estava profundamente abalado quando escreveu este salmo. Ali está descrito seus desapontamentos consigo mesmo, como sua esperança em algo grandioso. Revela ali também seu reconhecimento humilde na realeza de Deus e sua limitação humana frente à glória do Eterno. O contexto estava relacionado ao evento registrado em II Samuel 24, em que ele é incitado por Ha Satan a fazer o censo do exército de Israel, como uma forma de orgulho militar. Deus o repreendeu através do profeta e trouxe a ele uma sentença por causa disso. Depois do episódio Davi louva a Deus com um salmo que escreveu, reconhecendo a soberania do grande Rei.
No entanto, o que está registrado no versículo dois é algo bastante profundo: os fundamentos das águas. O salmos 24 inicia falando do governo e domínio de Deus na terra. Ele está falando do globo, dos territórios habitados, das civilizações, povos e aglomerados culturais. Deus é o dono de tudo. Em contraposição, Davi declara que os fundamentos não estão na terra, mas nas águas. Deus pôs seus fundamentos nos rios e nos mares. Qual a razão disso? por que não na terra, mas nos rios e mares? Todas as civilizações, desde o princípio criativo no Eden, às civilizações mesopotâmicas (Mesopotâmia significa entre rios, pois estava localizada entre os rios Tigre e Eufrates), como também a civilização egípcia no rio Nilo, a Ásia e a Grécia, bem como o império romano no Mar Mediterrâneo, se desenvolveram em regiões aonde haviam abundância de águas. Todos eles buscavam se estabelecer próximo às águas, pois estas são a razão do desenvolvimento, da sobrevivência e da vida. Algumas delas também ruíram justamente pela falta dela, por causa de secas devastadoras.
Em Eclesiastes 1.11 o sábio Salomão escreveu que "Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche...". Existem alguns fundamentos, sendo tres deles revelados, que são baseados no Salmos 24.2.

1. Os fundamentos dos rios. O primeiro deles seria de purificação. Uma das funções básicas da água é de lavar, purificar. Espiritualmente, água do rio de Deus nos lava e nos limpa interiormente para podermos subir ao Santuário do Eterno. É preciso ser limpos de mãos e puro de coração (v. 4). O segundo fundamento é o da renovação. Como disse certo filósofo, ninguém toma banho no mesmo rio duas vezes. Nem o rio é o mesmo, nem a pessoa. O rio está sempre em movimento, em renovação de águas. Assim deve nossa mente ser renovada, em termos de mentalidade, sentimentos e vontade. Deve-se adquirir por meio das águas divinas uma nova consciência, uma nova atitude sempre. Romper barreiras e bloqueios, quebrar paradigmas aprisionadores e receber uma nova visão de Deus e do Reino. O terceiro fundamento é de direção e destino. Os rios desembocam nos mares, assim os rios de Deus devem nos levar até as profundezas dos mares e oceanos, que é sua grandiosa presença.
2. Os fundamentos dos mares. Estes outros fundamentos são mais elevados que os primeiros, pois nosso destino é a presença de Deus, que é ampla abrangente e profunda. Estes são os tres fundamentos dos mares. Primeiro, é amplitude. Os mares, diferentemente dos rios, são bastante amplos. A grandiosidade de Deus precisa ser reconhecida. Sua infinitude, semelhante ao horizonte na contemplação dos mares deve estar em nosso foco de visão. Somos limitados, por isso limitamos a Deus à nossa mesquinhez e nossa pequenez. Impomos limites para Deus, e com isso nos limitamos a ver somente a pontinha do Iceberg. O segundo, é de abrangência. Os mares abrangem muitas cidades, territórios e até diversas nações juntamente. Isso nos mostra como precisamos ampliar nosso horizonte, saber que Deus ama todos os povos, ilhas, cidades, pessoas, grupos e todas as gentes do mundo inteiro. É preciso romper com a inveja e ciúmes, sentimentos que toldam as águas de nosso coração. Assim como os ativistas de ONGs, defensores da preservação dos rios e igarapés fazem campanhas para despoluição e preservação, devemos também fazer isso em nosso interior. Romper com os preconceitos, com os reinos particulares, com os exclusivismos teológicos e com facções de qualquer tipo, pois Deus é tão infinitamente abrangente em seu amor e bondade, que ele não pode se limitar a nossos gostos pessoais. E em terceiro, o fundamento dos mares é profundidade. Deus é profundo. Deus é misterioso e quer ser revelado. Ele não gosta de superficialidade. Ele não está na superfície."O Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua aliança (Salmos 25.14). Somente um mergulhador hábil e treinado sabe mergulhar nas profundezas dos oceanos e colher pérolas preciosas. Precisamos mergulhar em Deus. O conhecimento de Deus é melhor que sacrifício (Oséias 6.6). 
 Precisamos conhecer o coração de Deus, sua mente, seu caráter e sua misericórdia, para que cheguemos ao pleno conhecimento da verdade. Quando penetramos nas profundezas de Deus saímos do senso comum, do radicalismo, do humanismo, dos métodos insanos e calculistas, das neuroses, da religiosidade e da hipocrisia para um relacionamento de intimidade, de comunhão e de prazer em Deus. Podemos nos deleitar nele e, somente nele encontrar a verdadeira vida e paz. Ao permitir que o rio divino passe por nosso interior lavando nossa alma, as angústias e mazelas sairão. Seremos renovados em nossa mente, visão e atitudes. Seremos guiados pelo Espírito ao monte santo de IHWH, do Eterno. Assim, mergulharemos em seu coração, entraremos em íntima comunhão, seremos ricamente abençoados por sua presença e grandes segredos serão revelados, para a Glória do Rei. Shalom!

O Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua alian

Salmos 25:14